Convidada: Monique de Paula Sobrinho
Como o baby-led weaning pode influenciar positivamente na comensalidade?

A alimentação complementar, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é definida como o período em que outros alimentos ou líquidos são oferecidos à criança de forma gradual a partir dos seis meses e quando há sinais de prontidão. Antes do sexto mês, o aleitamento materno deve ser exclusivo uma vez que fornece todos os nutrientes à criança.
Uma abordagem de alimentação complementar é o baby-led weaning (BLW), identificado por algumas pessoas pelos cortes em formato de bastões, mas também, consiste na condução dos alimentos pelo bebê usando suas próprias mãos.

Além disso, estimula a autonomia do bebê com os alimentos e visa aproximar a relação com a família, fortalecendo o vínculo à mesa por permitir um compartilhamento das mesmas refeições, aumentando a participação dos pais sem interferir na forma como a criança come.
É importante considerar a maneira ‘como se come’ definida como comensalidade, ou seja, o ato de comer com atenção, em um determinado ambiente que seja apropriado e com companhia de uma outra pessoa.
Por que a comensalidade tem a ver com a alimentação complementar?
Durante a alimentação complementar que os bebês começam o contato com a alimentação e é fundamental que os pais estimulem a criança a valorizar o momento da refeição, conversando entre si; com um contato mais próximo dos alimentos, treinando as habilidades com as mãos; em um ambiente favorável, sem distratores, como televisão e outras telas; permitindo assim, o fortalecimento de vínculo entre pais e filho através dos alimentos.

Como o BLW pode ajudar nesse processo?
O hábito alimentar é formado principalmente na infância com influência ao longo de toda a vida, por isso, oportunizar o contato dos bebês com os alimentos, despertando o interesse pleno deles no momento da refeição tem impacto sobre a comensalidade, ressignificando os alimentos, destacando as suas origens, cultura e processos.
O ambiente favorável para uma refeição tranquila e prazerosa, com prioridade em comer um alimento que traga bem estar, sem necessidade de objetos apelativos para maior consumo alimentar, como o uso de televisão, celular e outros eletrônicos, é importante, pois estes desviam o interesse da refeição. Um assento confortável e adequado, de forma que as crianças consigam se alimentar sozinha, evita que os pais tenham que dedicar exclusivamente à alimentação dos filhos, compartilhando juntos o momento.
Além disso, a comunicação entre pais e filhos é fortalecida no momento da refeição, pois o contato visual, oral e gestual entre eles preconiza o interesse em que alimentar-se juntos proporciona.
Quais são os benefícios do BLW em relação à comensalidade?
- Comensalidade entre os cuidadores e o bebê no momento da refeição;
- Diminuição da seletividade alimentar devido ao maior estímulo sensorial de contato com os alimentos;
- Independência alimentar com foco na refeição;
- Melhor percepção de saciedade pela autonomia, bem como redução da velocidade de comer;
- Aumento do prazer em comer;
- Incentivo por compartilhar dos mesmo alimentos que os adultos.
É importante ressaltar que não há consenso sobre uma abordagem adequada, seja ela em que o adulto ou o bebê conduz a alimentação. Contudo, todas as crianças devem sempre estar acompanhadas de um profissional da saúde para que tenham um desenvolvimento saudável e adequado, individualizando suas escolhas diante do momento da alimentação complementar.
Referências
Utami AF, Wanda D, Hayati H, Fowler C. “Becoming an independent feeder”: infant’s
transition in solid food introduction through baby-led weaning. BMC
Proceedings. 2020;14(S13). doi:10.1186/s12919-020-00198-w
Vieira VL, Vanicolli BAL, Rapley G. Comparação entre práticas relatadas da
abordagem do baby-led weaning e a tradicional para a realização da alimentação
complementar. DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde. 2020;15:e
46047. doi: 10.12957/demetra.2020.46047
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Autora convidada
Monique de Paula Sobrinho

Nutricionista formada pela Faculdade de Saúde Pública da USP (FSP-USP) e Química pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Atualmente pós graduanda no programa de Saúde, Nutrição e Alimentação Infantil pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
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