Kelly V. Giudici
Como lidar com as metas de ano novo no meio do ano

Todo fim de dezembro é a mesma coisa: aquela vontade de fazer o ano seguinte ser melhor, mais próspero e mais feliz. A vontade de fazermos de nós mesmos a nossa melhor versão, mais saudável e disposta, nos move a tomar decisões e estabelecer metas para que novos hábitos sejam adquiridos no novo ano. Em boa parte das vezes, a alimentação entra na roda. Afinal, com ela se modula a saúde, a estética, a disposição, a força, a autoestima e mais uma porção de coisas.
O problema começa com as férias. Depois, com o Carnaval. Daí, é a volta ao trabalho/estudos, o clima que começa a esfriar e pedir comidas mais aconchegantes... E, de repente as festas juninas já estão dando as caras - e como resistir ao arroz doce, pastel, curau e vinho quente?!
Tudo o que listei acima não são "desculpas" para justificar o insucesso na mudança de hábitos relacionados à alimentação... é só a vida acontecendo! A mudança tem que acontecer no meio disso tudo mesmo (e de toda e qualquer outra situação que pareça ser uma "pedra no meio do caminho"). Namoros terminam, pessoas perdem o emprego, entes queridos se vão, a gasolina sobe, os boletos se multiplicam, e a saúde não espera tudo isso se resolver.
Então, antes de se sentir um fracasso por não ter conseguido por em prática alguma(s) das suas metas de ano novo, ou por somente tê-lo feito parcialmente, saiba de uma coisa: não é só você. A grande maioria das pessoas também está no mesmo barco!
E por quê?
Às vezes, as metas são duras demais, estimam grandes resultados em pouco tempo. Elas precisam ser realistas. E, para serem realistas (e realizáveis), elas devem ser menores e graduais. É complicado (e muito cansativo) subir uma escada com degraus de mais de um metro de altura. Para quê achar que isso precisa ser feito, se podemos subir degraus mais baixos, e assim, com mais passos, chegar bem mais adiante e menos ofegantes?
Às vezes falta motivação. A boa notícia é que você não precisa de motivação. Ela ajuda, claro! Dá um ânimo, mas motivações costumam ser transitórias. E depender da motivação para seguir adiante é um erro comum. Troque motivação por disciplina. A mesma disciplina que nos faz encarar o programa do imposto de renda a cada mês de maio (afinal, o que tem que ser feito, precisa ser feito!) ou que nos faz chegar na escola/faculdade/trabalho todos os dias.
Às vezes o problema é "chutar o balde" assim que surge a primeira quebra no plano. Ou seja, quando nos deparamos com a falta de constância. Situações excepcionais acontecem, e não podem ser motivos para se deixar voltar à estaca zero. Falhar não é fracassar! (E sobre este tema específico, sugiro este texto, que pode ser bem esclarecedor para que está em um processo de perda de peso e quer fugir do efeito-sanfona). Falhas fazem parte de praticamente todos os processos, é natural. Transformar uma falha em um fracasso é que é o perigo, ainda mais quando a culpa e a frustração vêm no pacote.
Então, metade do ano já foi. E agora?
E agora, sigamos em frente, oras! Ainda temos quase 6 meses antes do próximo Reveillon. São mais de 20 novas semanas! Como você quer passar por elas?
(A) Frustrado(a) com o que não conseguiu fazer nos 6 meses anteriores.
(B) Com o pé no acelerador, correndo loucamente para recuperar o "tempo perdido", e desistindo depois de pouco tempo.
(C) Dando um pequeno passo de cada vez e, aos poucos, somando melhorias para a sua saúde, que se refletirão aumentando a sua qualidade de vida, auto-estima e satisfação.

Para quem escolheu a alternativa C:
Desmembre uma meta grande (perder X quilos, por exemplo) em múltiplas pequenas metas. E, mais importante do que somente dividir a meta em partes menores, defina como mini-meta o que precisa ou pode ser feito para chegar na meta maior. Por exemplo: para emagrecer 15kg, é preciso perder 3kg, depois mais 3kg, e por aí vai... Mas as mini-metas não devem ser assim. Podem ser, por exemplo: diminuir as doses de bebidas alcóolicas a cada fim de semana; subir as escadas do prédio 3x/semana; substituir o leite integral pelo desnatado...
Foque em incorporar à sua rotina uma nova meta (pequena e relativamente simples) a cada semana. Parece pouco, mas no final de dezembro você terá cumprido (e somado) mais de 20 metas diferentes, que certamente terão um impacto positivo na sua saúde.
Ao primeiro passo "fora da curva", não deixe a culpa se estabelecer. Ela vem, mas você deve botá-la para fora de casa. Sem grandes comportamentos compensatórios nem punitivos. Sem tampouco "por o pé na jaca" e esperar a próxima segunda-feira chegar para recomeçar. É mais simples: basta seguir em frente, retomando a constância.
Se sozinho(a) estiver sendo muito difícil, lembre-se de que profissionais de saúde existem para auxiliar em processos de mudanças de hábitos visando a melhora da saúde (tanto física quanto mental) das pessoas, e que o acompanhamento personalizado promove também mais segurança e assertividade. Por isso, não hesite em procurar apoio profissional se sentir que é necessário.
