Natália P. de Castro
Divertículos: todos temos ou teremos. Mas e a diverticulite?

Vocês sabem o que é diverticulite?
Os divertículos são bolsas (invaginações) que surgem principalmente na parte terminal do intestino (intestino grosso - cólon), com o avançar da idade. A diverticulite é a inflamação causada pela obstrução dessas bolsas (divertículo) por fezes, o que, do ponto de vista clínico é algo relativamente frequente, porque o pescoço do divertículo é estreito (imaginem a estrutura de um balão). Acredito que seja mais fácil entender por imagens, portanto, peguei emprestado e modifiquei as imagens usadas para o presente texto do artigo científico de Jacobs (2007), publicado na New England Medical Journal e que permanecesse atual.

Adaptado de Jacobs, 2017.
Embora a origem da diverticulite não seja completamente conhecida, sabe-se que a obstrução do pescoço do divertículo leva ao crescimento de bactérias e a isquemia local (falta de irrigação sanguínea). A presença de divertículos inflamados pode ocasionar:
· dores abdominais;
· distensão abdominal;
· diarreia;
· constipação.
Contudo, é a complicação decorrente de divertículos inflamados, conhecida como diverticulite, que requer tratamento imediato. As complicações de divertículos inflamados incluem a formação de fístulas (quando as células de defesa do organismo também se acumulam na bolsa, para conter o crescimento de bactérias, o que aumenta o tamanho da bolsa), abcessos (quando há secreção purulenta do conteúdo do divertículo pelo seu tamanho aumentado) e ruptura do divertículo. Nesses casos, os sintomas são:
· dor constante e aguda no abdômen;
· náuseas e vômitos;
· calafrios e febres;
· presença de sangue nas fezes;
· presença de sangue no reto.
O tratamento da diverticulite é feito com antibióticos num primeiro momento, mas pode evoluir para cirurgia, em que é feita a ressecção da parte acometida do cólon, com uma ostomia (a cirurgia em que o reto é posicionado na barriga) temporária. Depois, após estabilização da inflamação, é feita a cirurgia para reverter a ostomia.

O interessante da diverticulite é que, assim como a obesidade e hipertensão, é uma doença que acomete a população ocidental com mais frequência. Isso ode indicar que fatores associados ao estilo de vida podem estar associados à sua prevalência, inclusive a dieta.
Portanto, embora não haja tratamento dietoterápico isolado para a diverticulite complicada (é feito manejo de sintomas associado à antibioticoterapia), quando se detecta a presença de divertículos em exames diagnósticos, é possível adotar hábitos que evitem sua obstrução. Para isso, há duas recomendações nutricionais específicas associadas à redução do risco para diverticulite (Strate et al., 2017).
· Aumentar o consumo de fibras dietéticas.
· Reduzir consumo de carne vermelha (carne de boi/porco/carneiro).
No estudo populacional (representativo daquela população de Boston/EUA), prospectivo (que acompanhou a população ao longo do tempo), conduzido por Strate et al. (2017), os autores avaliaram o padrão dietético de 46,295 homens e observaram que o risco de diverticulite foi menor em homens com dieta rica em fibras e com menor quantidade de carne vermelha em relação a dieta ocidental.
Novamente, o que fica claro nos nossos textos é que a moderação é a chave da saúde.
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https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5367955/
https://www.nejm.org/doi/pdf/10.1056/NEJMcp073228