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  • Foto do escritorClarissa T. H. Fujiwara

NutS no Outubro Rosa: a influência da nutrição

O câncer de mama apresenta elevada prevalência mundialmente, figurando também como o segundo câncer mais prevalente no cenário nacional – atrás somente do câncer de pele não melanoma, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA).

No funcionamento normal do organismo, naturalmente ocorre a substituição de células antigas por novas e saudáveis. Diante de um câncer de mama, ocorre a alteração morfológica das células do tecido mamário, com a proliferação celular anormal de forma rápida e desordenada, acarretando na produção de células não diferenciadas e em excesso.


Quais são os fatores de risco?

Há fatores de risco bem estabelecidos para o desenvolvimento do câncer de mama. O envelhecimento continua sendo um dos mais importantes fatores de risco – estima-se que 4 em cada 5 casos ocorram após a quinta década de vida – e possivelmente decorre em virtude de mudanças hormonais e maior risco de mutações celulares.


Apesar de não ocorrer exclusivamente em mulheres, a incidência é muito maior no sexo feminino, aproximadamente 1% dos casos de câncer de mama acomete homens.


Dentre outros fatores está a hereditariedade, com a história familiar de câncer de mama e mutações em genes específicos, como os genes BRCA1 e BRCA2 – embora essas mutações sejam responsáveis por menos de 10% dos cânceres de mama. Soma-se a esses fatores a idade da menarca e menopausa, além de elementos relacionados à vida reprodutiva da mulher, a exemplo da nuliparidade (não ter filhos), primeira gestação em idade avançada e a não amamentação.


Demais fatores ambientais consistem no tabagismo, o consumo excessivo de álcool e de alimentos ultraprocessados – como os embutidos e defumados a exemplo do bacon e da linguiça –, bem como o sedentarismo e a obesidade que cursam em paralelo no aumento do risco de desenvolvimento não somente do câncer de mama, mas de demais tipos de câncer.


O papel da nutrição como adjuvante na redução do risco de desenvolvimento de câncer de mama


Avanços científicos e o desenvolvimento de pesquisas in vitro em animais e estudos prospectivos populacionais demonstram que a ingestão de determinados compostos bioativos presentes em alimentos podem exercer atividade de quimioprevenção por mecanismos de ação variados.


Nesse sentido, a adoção de um padrão alimentar equilibrado pode atuar na prevenção do câncer e auxiliar indivíduos que estejam em tratamento da doença. Estima-se que a mudança do estilo de vida, também pela inclusão da prática de exercício físico regular, seja responsável pela redução de até 30% no risco de desenvolvimento de câncer de mama.


Neste artigo, apesar de existirem diversos compostos com evidências positivas em relação à prevenção do câncer, serão destacados alguns compostos bioativos presentes numa ampla variedade de alimentos, bem como suas propriedades nutricionais relacionadas à proteção do organismo contra o câncer de mama.


Glucosinolatos

Os glucosinolatos e compostos derivados estão relacionados à redução do risco de câncer de mama pelo fato de influenciarem em estágios do desenvolvimento do câncer, potencialmente inibindo a proliferação de tumores.


Esses compostos podem exercer ação antioxidante, protegendo as células na cascata de resposta ao dano oxidativo gerado por espécies reativas de oxigênio, elemento de especial importância, considerando que os radicais livres constituem-se de moléculas de alto grau de reatividade que podem acarretar danos às membranas celular e ao DNA, o código genético da célula.


Sobretudo o estresse oxidativo, somado aos danos cumulativos em tecidos, é um fator de risco para o desenvolvimento da maioria dos tipos câncer.


Onde encontrar?

Brócolis, couve-flor, repolho, couve-de-bruxelas e couve.


Licopeno

O licopeno consiste em um carotenoide pró-vitamina A e é um dos responsáveis pela coloração típica vermelha presente em uma gama de alimentos.


Uma de suas principais ações é a atividade antioxidante, que auxilia a neutralizar e combater os radicais livres no organismo. Pesquisas em animais e humanos têm demonstrado os potenciais benefícios da ingestão de licopeno na redução dos riscos de diferentes tipos de câncer, incluindo o de mama e, sobretudo, de próstata.


Onde encontrar?

Tomate e derivados – especialmente o molho, em que o licopeno está mais biodisponível.

A substância também está presente em outros vegetais como a goiaba vermelha, melancia, caqui, mamão, abóbora e pimentão vermelho.


Antocianinas

As antocianinas consistem em flavonóides derivados de antocianidinas, que apresentam como função nas plantas a fotoproteção e a atração de animais – como um dos mecanismos envolvidos para a reprodução.


É das antocianinas que derivam os pigmentos de coloração avermelhada, azulada ou arroxeada, variável conforme estrutura e pH. As antocianinas têm propriedades antioxidantes e um papel importante antimutagênico na proteção do DNA celular. Esse composto químico também apresenta atividade anti-inflamatória e está associado à diminuição do risco de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.


Onde encontrar?

Vegetais como repolho roxo, cebola roxa, berinjela, rabanete, beterraba, além de frutas como açaí, framboesa, amora, mirtilo (blueberry), morango, cereja, uva e ameixa.


Vitamina E

Consiste numa vitamina lipossolúvel presente em diversos alimentos e que também possui atividade antioxidante, atuando na proteção celular frente a danos causados por agentes agressores a exemplo do tabagismo, da poluição e da radiação ultravioleta.


A vitamina E atua no corpo conjuntamente com a vitamina C, executando e potencializando as ações antioxidantes. Apesar de ainda não muito bem estabelecido, alguns estudos sugerem que a administração de vitamina E em excesso, por meio de suplementos alimentares, pode exercer efeito contrário no organismo, tendo ação pró-oxidante.


Portanto, na administração de vitamina E por meio de suplementos é necessária a avaliação de um profissional da saúde habilitado para avaliar as necessidades individuais.


Onde encontrar?

A vitamina E é encontrada na gordura e em óleos de alimentos como a semente de girassol, oleaginosas como nozes, amêndoas, avelãs e amendoim. Destaca-se dentre as fontes dessa vitamina o azeite de oliva extravirgem, fonte de gorduras monoinsaturadas e polifenóis.


Selênio

Este oligoelemento faz parte do sistema de defesa do organismo, participando de mais de 300 reações enzimáticas e do processo de divisão celular. O selênio apresenta propriedade anti-inflamatória e imunoestimulante, atuando sinergicamente com a vitamina E.


O mineral foi associado em estudos não somente à redução do risco de câncer de mama, mas também de próstata, fígado e bexiga.


Onde encontrar?

Fontes alimentares de origem animal consistem em frutos do mar, carne vermelha e aves. Dentre os alimentos de origem vegetal destaca-se a castanha-do-Pará, cujo teor de selênio varia diretamente de acordo com as características do solo.


Ácido Fólico

O ácido fólico (denominado também como vitamina B9) apresenta como uma de suas funções a regulação da estrutura, estabilidade e transcrição do DNA e poderia influenciar na expressão de genes pró-oncogênicos.


O estudo prospectivo europeu EPIC (European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition), envolvendo mais de 367 mil mulheres, apontou que a maior ingestão de ácido fólico foi associada à menor incidência de câncer de mama.


Onde encontrar?

Figuram como fontes os vegetais verde-escuros, como o espinafre e couve, leguminosas, a exemplo de feijões, lentilha, grão-de-bico, além do gérmen de trigo e aspargos.

Catequinas

A principal catequina presente nas folhas da Camellia sinensis, da qual deriva o chá verde, a epigalocatequina-3-galato (EGCG), é a molécula que apresenta capacidade de inibir a proliferação de vasos sanguíneos, necessária ao crescimento dos tumores, bem como intervir no crescimento de células cancerosas pela indução da apoptose – a morte celular programada.


Onde encontrar?

Além do chá verde, deriva da planta Camellia sinensis tanto o chá preto quanto o branco – sendo a principal diferença entre eles a parte da planta extraída para consumo e o modo de processamento que são submetidas. Ressalta-se que a extração dos compostos bioativos da Camellia sinensis dependerão também de fatores como o tempo de infusão das folhas em água.

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