Natália P. Castro
O segredo da longevidade
Hoje falaremos de um artigo bastante divulgado nas semanas anteriores pelos meios impressos e de internet, com a seguinte manchete: “comer mal mata mais que cigarro”.
Com a divulgação deste estudo, muito importante para o meio acadêmico e publicado pela conceituada Lancet, temos informações valiosíssimas sobre o conceito de nutrição saudável.
Entendendo a metodologia:
Primeiramente, esta não foi uma pesquisa experimental, ou seja, pessoas não foram compelidas a fazer um determinado tipo de dieta. A pesquisa foi feita na base de dados Medline, e foram buscados estudos nacionais que tenham publicado sobre o consumo de 15 alimentos e nutrientes de 195 países. Para o cálculo de morte e anos de incapacidade (ou seja, com doenças que afetam a qualidade de vida), foi utilizada a base de dados do Global Burden of Disease.
A figura abaixo foi retirada do próprio artigo e nela consta os hábitos alimentares responsáveis pela mortalidade (na ordem) em diferentes países.

No Brasil: • A baixa ingestão de alimentos integrais (arroz integral, farinha integral etc) é o comportamento alimentar responsável pelo maior número de mortes.
• A alimentação rica em sódio (ou sal de cozinha) é o segundo comportamento alimentar associado à mortalidade elevada.
• O baixo consumo de oleaginosas (amêndoas, castanhas, sementes, nozes etc) é o terceiro comportamento alimentar responsável pelo elevado índice de mortalidade.
Algumas reflexões sobre a figura: • Os comportamentos alimentares associados à mortalidade são similares entre Brasil e EUA. Ou seja, o nosso padrão alimentar e tradições, tão preconizados pelo Guia Alimentar para a População Brasileira (veja a nossa publicação do guia alimentar), vêm se perdendo ao longo do tempo e está prejudicando a saúde da nossa população.
• Preocupantemente, o Brasil, México e Turquia apresentam consumo elevado de bebidas açucaradas, o que aumenta risco para mortes relacionadas ao diabetes tipo 2 e doença isquêmica do coração.
• O Japão, possivelmente pelo consumo elevado de peixes, apresenta menor risco de morte decorrente do baixo consumo de ômega-3.
Adaptamos na figura abaixo, o maior risco de mortalidade de quem tem a dieta pobre/ou rica em determinado grupo de alimentos em relação a população que tem comportamento alimentar oposto.

Assim, essa tabela deve ser interpretada da seguinte forma:
Quem tem dieta pobre em frutas, tem 2 vezes mais chance ou (102% a mais de chance) de morrer por conta de um derrame.
Diante dessas informações, devemos nos desesperar?
A resposta é não!
O segredo da longevidade está no consumo moderado de todos os alimentos ou de uma dieta equilibrada.
Manter-se num peso saudável também é importante para a vida longa.
Um bom começo é tentar seguir, sem neuras, as orientações do nosso Guia Alimentar para a População Brasileira.
E em breve falaremos mais das quantidades e porções adequadas para cada grupo de alimento.
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