Priscila Koritar
Alimentação: simplicidade ou complexidade?
A alimentação tem algo de mágico ou incrível: Como algo aparentemente tão simples pode ser tão complexo?!
A alimentação tem uma função biológica vital indiscutível, entretanto, nela “o homem biológico e o homem cultural e social estão estritamente ligados”.

As atitudes alimentares de um indivíduo, definidas como crenças, pensamentos, sentimentos, comportamentos (que inclui o consumo alimentar) e relação para com os alimentos, podem influenciar na saúde uma vez que terão impacto em suas escolhas alimentares.
As escolhas alimentares são influenciadas por mecanismos biológicos, como sexo, idade, estado nutricional, e os regulatórios inatos em consequência da deficiência de nutrientes e pelo estado fisiológico de fome e saciedade. Mas como ser complexo, são influenciadas também por mecanismos psicossociais, como a classe social, a renda, o nível de escolaridade e informação, o meio, os pares, influência da família e mídia, a cultura do país.
Desdobra-se desses fatores que o prazer obtido pelas características sensoriais, a preocupação com a saúde e com a estética corporal são fatores centrais nas escolhas alimentares.

Essas características da alimentação humana fazem com que o papel do nutricionista vá além de olhar o indivíduo com foco nas suas necessidades biológicas, de buscar suprir suas necessidades nutricionais. Tanto é que o Guia Alimentar para População Brasileira define alimentação saudável como aquela “planejada com alimentos de todos os tipos, de preferência naturais e preparados de forma a preservar o valor nutritivo e os aspectos sensoriais, garantindo que os alimentos sejam seguros e harmoniosos, qualitativa e quantitativamente adequados, respeitando e valorizando as práticas alimentares culturalmente identificadas, visando à satisfação das necessidades nutricionais, emocionais e sociais”.
Dessa forma é necessário que o nutricionista se aproprie do olhar integral ao ser humano para que seja possível conduzi-lo nessa busca por uma alimentação saudável e pela saúde.
Referências
Alvarenga MS, Scagliusi FB, Philippi ST. Development and validity of the Disordered Eating Attitude Scale. Percept Mot Skills. 2010;110:379-95.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira/ Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. 2 ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2014.
Contreras J. Antropología de la alimentación. Madri: Ediciones de la Universidad Complutense de Madrid. 1993.
Gahagan S. The development of eating behavior – Biology and Context. J Dev Behav Pediatr. 2012;33(3):261-71.
Germov J, Willians L. The epidemic of dieting women: the need for a sociological approach to food and nutrition. Appetite. 1996;27(2):97-108.
Koritar P, Philippi ST, Alvarenga MS. Attitudes toward health and taste of food among women with bulimia nervosa and women of a non-clinical sample. Appetite. 2017;113:172-7.
Lake AA, Hyland RM, Rugg-Gunn AJ, Wood CE, Mathers JC, Adamson AJ. Healthy eating: perceptions and practice (the ASH30 study). Appetite. 2007;48:176-82.
Murcott A. Nutrition and inequalities: a note on sociological approaches. Eur J Public Health. 2002;12:203-07.
Pettinger C, Holdsworth M, Gerber M. Psycho-social influences on food choice in Southern France and Central England. Appetite. 2004;42:307-16.
Roininen K, Lahteenmaki L, Tuorila H. Quantification of consumer attitudes to health and hedonic characteristics of food. Appetite. 1999;33:71-88.
Roininen K, Tuorila H, Zandstra EH, Graaf C de, Vehkalahti K, Stubenitsky K, Mela DJ. Differences in health and taste attitudes and reported behavior among Finnish, Dutch and British consumers: a cross-national validation of the Health and Taste Attitude Scale (HTAS). Appetite. 2001;37:33-45.
Rozin P, Fischler C, Shields C, Masson E. Attitudes towards large number of choices in the food domain: a cross-cultural study of five countries in Europe and the USA. Appetite. 2006;46:304-08.