top of page
  • Foto do escritorClarissa T. H. Fujiwara

O universo das pimentas


Com características únicas, cuja presença inclusive muitas vezes dificilmente passa desapercebida ao paladar, as pimentas são capazes de coroar e dar a sua pitada especial em um amplo leque de receitas. Caso você seja um iniciante ou fã de carteirinha de pimentas, ao longo deste artigo, será discorrido a respeito das diferentes pimentas e suas particularidades.



O que sabemos sobre as pimentas para a saúde?


Os benefícios das pimentas à saúde mais extensivamente estudados concernem à ação termogênica, ou seja, elevando discretamente a temperatura corporal, decorrentes de uma substancia ativa denominada capsaicina - responsável pela peculiar pungência. Justamente, devido ao seu efeito termogênico, as pimentas são associadas popularmente como auxiliadoras no processo de emagrecimento – no entanto, o efeito termogênico é pouco significativo do ponto de vista de gasto energético! Neste ponto, a alimentação equilibrada – que pode incluir pimentas - com controle do consumo de energia, prática de exercícios físicos regulares e sono de qualidade são relevantes para um gerenciamento de peso efetivo e sustentável.


Em adição, há algumas evidências de que a pimenta possa trazer algum beneficio ao sistema circulatório, pela menor formação de placas obstrutivas nos vasos sanguíneos e pela ação antitrombótica em virtude da diminuição da agregação plaquetária, auxiliando assim no controle dos níveis de pressão arterial e contribuindo para a melhor saúde cardiovascular.



Vale lembrar que as pimentas in natura apresentam em quantidades variáveis a vitamina C, importante antioxidante que atua neutralizando a ação dos radicais livres instáveis que podem causar danos ao DNA das células no nosso organismo. Alguns estudos sugerem que a capsaicina associada à presença de compostos antioxidantes, como a vitamina C e os carotenoides (responsáveis pela coloração avermelhada), possa estar relacionada à indução da apoptose (destruição) de células tumorais e, portanto, ao menor risco de desenvolvimento de alguns tipos de câncer, apesar de pesquisas neste campo necessitarem de maiores estudos.



Vai uma pimentinha? Porém, vá com calma!


Deve-se atentar que o consumo excessivo de pimentas pode gerar desconfortos gastrointestinais e, dessa forma, ser contraindicado para indivíduos que apresentem gastrite e úlceras. Quantidades moderadas de pimentas podem gerar irritação e inflamação endotelial e piorar o quadro em indivíduos que apresentem hemorroidas. Vale ressaltar que o consumo exagerado de pimentas também pode causar queimaduras ou bolhas na mucosa oral (boca), náuseas e vômitos.


Quais são os tipos de pimenta existentes e suas singularidades?


Abaixo estão descritos alguns tipos de pimentas mais comumente encontrados no País. Quanto mais picante a pimenta, maior o teor de capsaicina presente. A Escala de Scoville (ou “Scoville Heat Units”, SHU em inglês), é utilizada para medir o nível de pungência em pimentas que podem variar desde zero até mais de 1 milhão para as pimentas mais picantes do mundo.


A título de curiosidade: a pimenta considerada mais picante do mundo é a pimenta americana chamada Carolina Reaper com cerca de 2.200.000 SHU – você se animaria em consumi-la?


● Pimenta Malagueta: É uma das mais ardidas dentre as mais conhecidas e utilizadas no Brasil. Possui forma alongada e quando madura, passa da coloração verde para avermelhada. Utilizadas principalmente para consumo fresco e no preparo de conservas. Está presente especialmente na culinária regional baiana, harmonizando com pratos típicos como feijoada, acarajé e moqueca. Possui entre 60.000 a 100.000 SHU.


●Pimenta-Dedo-de-Moça: Uma das mais consumidas no País, em diversas formas (desde fresca, em conserva ou então desidratada e triturada), denominada de pimenta calabresa. Harmoniza com frutos do mar, aves e carnes vermelhas. Possui entre 5.000 a 15.000 SHU.


●Pimenta Biquinho: Apresenta formato arredondado que se estreita em direção à ponta. É bastante cultivada na região do Triângulo Mineiro em Minas Gerais, sendo muito consumida na forma de conserva. A quantidade de capsaicina é bastante baixa resultando em sabor suave e aromático, por isso é considerada uma pimenta “doce” e é empregada em molhos, peixes e carnes. Possui cerca de 1.000 SHU.


●Pimenta Jalapeño: Originária do México, é aromática e tem ardência mediana. Suculenta, pode ser consumida crua quando verde (recheada ou servida fresca em saladas), e é consumida em forma de molhos, conserva e desidratada quando vermelha. Muito utilizada na culinária mexicana, em pratos como nachos, tacos e burritos. Quando seca e defumada, é denominada de chipotle. Possui entre 2.500 a 5.000 SHU.


● Pimenta Caiena: constitui uma mistura de pimentas vermelhas secas (malagueta, dedo-de-moça e chifre-de-veado), muito empregada na culinária mexicana e tailandesa. É bastante picante. Costuma ser usada na preparação de picles e molhos. É um bom auxiliar na regulação da pressão sanguínea.


● Pimenta Tabasco: Possui forma alongada e é originária do México. Apresenta sabor picante, sendo utilizada na forma de molho e, fresca, é utilizada no preparo de carnes e peixes. Possui entre 30.000 a 50.000 SHU.


● Pimenta Cambuci (chamada também de chapéu-de-bispo ou de-frade): Possuem formato de sino. Passa da coloração verde à vermelha quando madura. Apresenta sabor adocicado e pouca pungência. Utilizada em pratos salgados variados e saladas. Possui entre 100 e 500 SHU.



Referências


Chopan M, Littenberg B. The Association of Hot Red Chili Pepper Consumption and Mortality: A Large Population-Based Cohort Study. Gualillo O, ed. PLoS ONE. 2017;12(1):e0169876.


McCarty MF, DiNicolantonio JJ, O'Keefe JH. Capsaicin may have important potential for promoting vascular and metabolic health. Open Heart. 2015 Jun 17;2(1):e000262.


Satyanarayana MN. Capsaicin and gastric ulcers. Crit Rev Food Sci Nutr. 2006;46(4):275-328.


Sun T, Xu Z, Wu CT, Janes M, Prinyawiwatkul W, No HK. Antioxidant activities of different colored sweet bell peppers (Capsicum annuum L.). J Food Sci. 2007 Mar;72(2):S98-102.

Posts recentes

Ver tudo
Últimos posts
Tags
bottom of page