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  • Foto do escritorStella R. Oliveira

Se a vida lhe der limões, faça uma limonada. Opa! Será???



Todos já devem estar cansados de escutar que o consumo adequado de vegetais variados em nossa alimentação diária contribui para a manutenção da saúde, devido às vitaminas, minerais, fibras e fitoquímicos presentes nestes alimentos. Porém, muitos alegam que a correria do cotidiano em nossa sociedade atual nos afasta deste hábito. Para ajudar nesse desafio, acredita-se que o consumo destes alimentos na forma de sucos é uma alternativa prática para incrementar essa ingestão. Mas será mesmo?


A fim de chegarmos a alguma conclusão sobre o tema, primeiramente, temos que conhecer minimamente as diferenças entre as diversas apresentações das bebidas de frutas. Para isso, vamos considerar as definições de cada tipo, de acordo com o decreto nº 6.871, de 04 de junho de 2009, que regulamenta a Lei nº 8.918, de 14 de julho de 1994 que dispõe sobre a padronização, a classificação, o registro, a inspeção, a produção e a fiscalização deste tipo de bebidas.



Sucos (ou sumos)


São bebidas não fermentadas que contêm basicamente frutas ou parte dos vegetais de origem. Não devem ser concentradas e nem diluídas, exceto no caso de frutas que requerem a adição de água ou líquidos devido à consistência encorpada de suas polpas, como por exemplo, a manga, a goiaba e/ou o mamão.


Além disso, para que essas bebidas sejam consideradas sucos, não é permitida a presença de substâncias estranhas à fruta ou vegetal de sua origem e os mesmos não podem ser adicionados de aromas, corantes e edulcorantes artificiais.


Os sucos podem ser adicionados de açúcares, desde que sejam declarados como adoçados e seja respeitado o percentual máximo de 10% do peso (calculado em gramas de açúcar por cem gramas de suco).


A nomenclatura correta para sucos que contenham mais de uma fruta ou vegetal é "blend" ou "suco composto". E a designação "integral" deve ser usada exclusivamente para sucos 100% fruta, ou seja, aqueles em suas concentrações naturais após a extração da fruta, e sem adição de açúcares ou água.



Néctares


São bebidas não fermentadas, obtidas da diluição em água potável das partes comestíveis dos vegetais ou de seus extratos, adicionados de açúcares. Não é permitida a adição de aromas e corantes.


A porcentagem de fruta presente nestes produtos é determinada pela Instrução Normativa n°12 de 2003. Porém, caso não haja especificação mínima para determinada fruta nesta normativa, deve ser considerado o mínimo de 20% para frutas de sabor muito forte, com acidez elevada ou com conteúdo de polpa muito alto e o mínimo de 30% para as demais frutas.



Refrescos


São bebidas não fermentadas, obtidas pela diluição, em água potável, dos sucos de fruta, polpas ou extratos vegetais de sua origem, com ou sem adição de açúcares.


Os refrescos de determinadas frutas devem conter percentuais mínimos em volume de suco natural (por exemplo: laranja, tangerina e uva, no mínimo 30%; maçã 20%, maracujá 6% e limão 5%) e, quando adicionados de açúcares, deverão ter a designação adoçado, acrescida à sua denominação. Neste tipo de bebida é permitida a adição de aromas e corantes.



Sucos x néctares x refrescos


Com essas definições em mente, podemos chegar a algumas conclusões importantes em relação às bebidas de frutas. Como dito anteriormente, a indicação da presença de açúcares é obrigatória no caso dos sucos, porém não é exigida no caso dos néctares, pois por definição estes produtos são sempre adoçados. Essa situação pode induzir os consumidores a uma interpretação errônea e, além disso, a palavra néctar por si só já enaltece a qualidade da bebida, pois seu significado provém da mitologia grega e nos remete a uma bebida adocicada, muito saborosa e capaz de eternizar a vida daqueles que a consomem, a chamada "bebida dos deuses". Com isso, o consumidor desavisado sobre a real composição dos néctares de frutas pode acabar levando “gato por lebre”.



Para evitar este e outros enganos, é importante ficar de olho no rótulo das bebidas. Desde 2014 entraram em vigor algumas instruções normativas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que determinavam a obrigatoriedade das indústrias informarem de forma visível e bem destacada, nos rótulos das bebidas de frutas, o percentual de polpa ou suco da fruta utilizada em seu preparo. Desta maneira, o consumidor pode comparar produtos e ter mais clareza do que está comprando.




Outro item importante a ser observado é a lista de ingredientes, pois nela pode ser visto tudo o que o produto contém. Assim, no caso de bebidas com a indicação “só fruta” não pode constar na lista de ingredientes nada mais do que o(s) nome(s) da(s) fruta(s), pois do contrário, significa que aquela bebida não é de fato feita só de fruta, certo?! Inclusive, olhar este item do rótulo é importante para observar a ordem em que os ingredientes estão listados, pois indica quem está em maior e em menor quantidade: o primeiro da lista é aquele que aparece em maior proporção na receita e assim por diante, até o último ingrediente da lista.


Agora, vamos analisar o valor nutricional destas bebidas. Quanto maior for a quantidade de fruta presente na bebida, mais nutritiva ela será. Portanto, se ainda não ficou explícito, aqui é a hora de não deixar nada subentendido: temos um ranking claro entre os tipos explicados anteriormente, onde os sucos integrais levam a melhor, seguidos dos sucos adicionados de açúcares, na sequência os néctares e por último os refrescos. Isso porque os sucos têm maiores concentrações de frutas e não contém corantes e conservantes em sua composição.


Com isso dito, é nessa hora que todo mundo vai à loucura, para de ler este texto e sai correndo para o supermercado atrás dos verdadeiros e melhores sucos de frutas: os sucos integrais! EI, NADA DISSO! Fique onde está e termine esta leitura, por favor!


Ainda precisamos esclarecer o principal: os sucos integrais ganham sim dos outros tipos de bebidas de frutas industrializadas, porém perdem de longe para os sucos naturais feitos na hora. Sabe aqueles que demandam de nós alguns minutos do nosso dia para preparar, mas podem garantir muito mais sabor, frescor e nutrientes? São eles mesmos!


Os sucos feitos de forma artesanal e na hora do consumo possuem muito mais fibras, vitaminas, minerais e compostos vegetais antioxidantes, todos capazes de contribuir para a saúde e o bem-estar. Nas bebidas industrializadas, parte destes componentes se perde com o processamento e estocagem.


Alguns destes produtos feitos pelas indústrias podem até conter vitaminas e minerais que são adicionados com o intuito de melhorar o resultado do produto final, porém, estas bebidas não se tornam mais nutritivas por isso, pois estes compostos são colocados artificialmente no produto e não há garantias de que serão absorvidos pelo nosso organismo da mesma maneira.


Vai uma limonada aí?!


Chegamos no ponto onde muitos já estão pensando: “Ok, vou reservar alguns minutos do meu dia para fazer meu próprio suco e garantir uma alimentação mais nutritiva”. Mas ainda vale passar uma última informação antes de todos saírem por aí trocando as frutas e vegetais da dieta por sucos...


Sucos naturais feitos na hora e sem adição de açúcares são definitivamente a melhor opção comparada aos sucos integrais, sucos com açúcar, néctares e refrescos industrializados, porém uma opção ainda melhor é consumir as frutas e vegetais inteiros, com casca e bagaço, preferindo sempre as opções que estão em sua melhor época de colheita de acordo com sua sazonalidade. Assim, garantimos um melhor aproveitamento de toda a gama de nutrientes que aquele alimento pode nos ofertar e os benefícios à saúde que eles podem nos trazer.


Então, se a vida lhe der limões, faça sim uma limonada. Mas faça de forma artesanal e beba o suco na hora. ;) Não esqueça de fazer uma forcinha para variar as opções de “limões” que você usa para seus sucos e também lembre de comer as frutas e vegetais inteiros, do jeitinho que a natureza nos presenteia!

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