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  • Foto do escritorNatália P. Castro

Precisamos falar sobre diabetes gestacional

O que é diabetes gestacional?


Situação na qual mulheres nunca antes diagnosticadas com diabetes, passam a exibir concentrações elevadas de glicose nos 2º e 3º trimestres da gestação.



Não é segredo que hoje se observa o aumento do número de pessoas com diabetes tipo 2 em relação aos anos anteriores. Todos nós conhecemos algum parente ou amigo que vive com esse tipo de diabetes. No entanto, antes, não ouvíamos falar com tanta frequência de diabetes gestacional. E isso tem se tornado cada vez mais comum. O número crescente de mulheres em idade fértil que pratica pouco ou nenhuma atividade física, tem o peso corporal elevado, associado à má alimentação são parcialmente responsáveis pelo aumento do número de casos da doença entre gestantes. A espera pela estabilidade financeira também faz com que os casais deixem para ter filhos mais tarde, quando a mulher está um pouco mais velha (entre 35 e 45 anos), o que pode levar ao maior risco para o desenvolvimento dessa doença. A genética é outro fator determinante: se há histórico de diabetes tipo 2 na famíliade primeiro grau (mãe, pai ou irmãos), procure manter uma alimentação equilibrada e uma rotina de atividade física para minimizar os seus riscos. As implicações de diabetes durante a gestação são muitas, tanto para a mãe; que pode desenvolver pressão alta durante a gravidez, sofrer de aborto espontâneo e aumentar o risco de parto do tipo cesariana, quanto para o bebê, que pode ser grande demais (bebês que nascem com mais de 4kg), podem ter deslocamento do ombro, icterícia (quando o bebê apresenta coloração amarelada), problemas respiratórios e tem maior risco de morte súbita que os bebês nascidos de mães que não tem diabetes gestacional.


Como é feito o diagnóstico de diabetes gestacional?


O diagnóstico de diabetes gestacional varia muito de acordo com os estudos publicados. Utilizam-se as referências da Organização Mundial da Saúde (OMS-2013), Instituto Nacional de Saúde-EUA (NHI-2012) e da Associação Internacional dos Grupos de Estudo de Diabetes e Gestação (IADPSG, 2010; ADA, 2011; SBD, 2011). Todos esses diagnósticos são baseados no teste oral de tolerância a glicose (TOTG), que envolve a gestante ir ao laboratório em jejum, fazer uma primeira retirada de sangue, tomar uma solução concentrada de glicose (com 75g de glicose e sabor extremamente doce) e retirar o sangue 1 e 2 horas depois de haver tomado a solução. Segundo as referências mencionadas acima, os valores esperados são:


A nossa Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Sociedade Americana de Diabetes (ADA) adotam os valores mais conservadores para estabelecer o diagnóstico de diabetes gestacional, que é baseado em um grande estudo conduzido com gestantes, conhecido como HAPO (Hyperglycemiaand Adverse PregnancyOutcomes). Esse estudo de seguimento envolveu um total de 25.505 gestantes em 9 países diferentes, que fizeram o teste oral de tolerância à glicose entre a 24ª e 32ª semanas de gestação. É um dos maiores, se não o maior, estudo de investigação de glicemia realizado com gestantes.Por serem baseados em evidências e por terem população heterogênea, os resultados do HAPO studydevem ser respeitados.

Por isso, se, entre a 24ª e 32ª semana de gestação, você apresentar a glicemia de jejum igual ou maior que 92 mg/dl, ou se a sua glicemia após 1h da solução de 75g de glicosefor igual ou maior a 180 mg/dl ou, ainda, após 2h for igual ou maior que 153 mg/dl, você tem diabetes gestacional.


E agora? O que fazer?


A gestação pode não ser um período muito fácil ou tranquilo para o casal, ainda que quando planejada. Há mudanças que deverão ser feitas no espaço físico da casa, alteração das finanças, adaptações físicas e psicológicas, entre muitas outras alterações. Portanto, receber o diagnóstico de diabetes gestacional pode não sertranquilo. Isso porque, além das várias mudanças trazidas com o preparo para a chegada do bebê, a mulher ainda terá que experimentar o que talvez seja o maior desafio de todos: a mudança do seu hábito alimentar. O hábito alimentar que ela vem construindo durante muitos anos, desde a infância, permeado de questões afetivas, preferências e aversões alimentares.


Por outro lado, deve-se pensar que você nunca conhecerá tanto o seu metabolismo quanto nesse momento específico. A gestação é referida na ciência como um “gatilho” (trigger), ou seja, as alterações hormonais da gestação apenas antecipam os problemas de saúde que essa mulher já teria no futuro. Assim, é ótimo que você esteja recebendo “esse recado” antecipadamente do seu metabolismo, enquanto ainda há muitas coisas que podem ser feitas para prevenir, por exemplo, o diabetes tipo 2 em mais alguns anos.


Manejo do diabetes gestacional


O diabetes gestacional pode ter manejo exclusivamente dietético, quando a mulher responde e se adapta bem à dieta. A Sociedade Brasileira de Diabetes recomenda que seja feito o controle da glicemia diariamente, entre 4 e 7 vezes por dia (com o aparelho dextro). Nesse caso, a gestante deve medir a glicemia de jejum e 2 horas após cada refeição. Se os valores derem igual ou acima 92 mg/dl em jejum ou 153 mg/dl duas horas após a refeição, significa que o manejo do diabetes não está adequado.Em outros casos, a dieta não é suficiente para controlar a glicemia durante a gestação. A recomendação da Sociedade Brasileira de Diabetes é que a terapia com insulina de absorção rápida ou intermediária deverá ser iniciada se, em 2 semanas de dietoterapia, as concentrações de glicose no sangue não tiverem se normalizado. Outro critério para início da insulinoterapia é a mensuração da circunferência abdominal do feto por ecografia entre as 29ª e 33ª semanas de gestação.


Como adequar a alimentação no caso de diabetes gestacional?


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Referências


ADA Guidelines Diabetes in Pregnancy GDM | NDEI.<http://www.ndei.org/ADA-diabetes-management-guidelines-diabetes-in-pregnancy-GDM.aspx.html>, acesso em 06 de junho de 2017.


Anon. Hyperglycemia and Adverse Pregnancy Outcome (HAPO) Study: associations with neonatal anthropometrics. Diabetes 2009; 58:453–9.


Bush NC, Chandler-Laney PC, Rouse DJ, Granger WM, Oster RA, Gower BA. Higher maternal gestational glucose concentration is associated with lower offspring insulin sensitivity and altered beta-cell function. J ClinEndocrinolMetab 2011; 96:E803-9.


Carmichael S, Abrams B, Selvin S. The pattern of maternal weight gain in women with good pregnancy outcomes. Am J Public Health 1997; 87:1984–8.


Coustan DR, Lowe LP, Metzger BE, Dyer AR. The Hyperglycemia and Adverse Pregnancy Outcome (HAPO) study: paving the way for new


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