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  • Foto do escritorKelly V. Giudici

Osso: um tecido metabolicamente muito ativo!


A função principal do nosso esqueleto é fornecer sustentação para o corpo. Mas você sabia que o osso é um órgão que produz hormônios e que se relaciona intimamente com diversas vias metabólicas? O tecido ósseo, ao contrário do que muitos imaginam, é muito ativo metabolicamente, e é capaz de influenciar o metabolismo da glicose e o armazenamento de energia sob a forma de gordura, tendo impacto direto na obesidade.


Mesmo depois que paramos de crescer, nossos ossos continuam em constante “reciclagem”. Enquanto as células chamadas osteoclastos destroem a matriz óssea (na chamada reabsorção), outro tipo celular – os osteoblastos – a recompõem. Uma das proteínas produzidas pelos osteoblastos é a osteocalcina. Guarde este nome!


E o tecido adiposo, além de servir como um estoque de gordura para o organismo, também é muito ativo! O acúmulo excessivo de gordura aumenta as chances de distúrbios no metabolismo da glicose (como o diabetes mellitus), e os ossos têm um papel importante intermediando essa relação. Venha conhecer um pouco mais sobre esta (para muitas pessoas, surpreendente) relação!



O tecido adiposo e seus hormônios


Os adipócitos (células que compõem o tecido adiposo) produzem diversas substâncias (as chamadas adipocinas), dentre elas a leptina e a adiponectina. Quanto maior a quantidade de tecido adiposo no corpo, maior será a produção de leptina, que inibe a formação óssea e favorece a reabsorção.


Já a adiponectina, ao contrário, é encontrada em baixas concentrações em pessoas obesas, e age no metabolismo aumentando a sensibilidade à insulina e regulando positivamente o gasto energético. A sua produção é estimulada pela osteocalcina, a proteína do osso!



E a vitamina D regula tudo isso!


A vitamina D (também conhecida como calcitriol) é conhecida pela sua principal função de aumentar a absorção de cálcio e controlar sua retenção nos rins, sendo assim muito associada com a saúde óssea.


Mas ela é capaz também de influenciar muitas outras atividades no metabolismo, já que pode ser identificada por receptores em diversos tipos de células (nos músculos, no pâncreas, no tecido adiposo, etc) e controlar positivamente ou negativamente a expressão de diversos genes. E veja só: a vitamina D estimula a produção de osteocalcina e também do receptor de insulina (o hormônio que faz a glicose entrar nas células), ajudando assim na regulação do metabolismo energético!



O que acontece na obesidade?


A produção excessiva de leptina contribui para desregular a remodelação óssea e o metabolismo energético, aumentando o risco para o desenvolvimento de diabetes mellitus. Além disso, como a vitamina D é lipossolúvel (se dissolve em gorduras), parte dela que está na circulação acaba sendo sequestrada pelo tecido adiposo e armazenada nos adipócitos, sem poder ser utilizada no resto do organismo. É por isso que pessoas obesas frequentemente apresentam deficiência de vitamina D.



Como combater a deficiência de vitamina D?


● Para aqueles que estão acima do peso saudável, a redução do peso corporal irá ajudar no controle das concentrações de vitamina D.


● Poucos alimentos naturalmente contém quantidades significativas desta vitamina. Ela pode ser encontrada em peixes de água salgada como o salmão, o atum e a sardinha, gema de ovo, fígado bovino, ostras e alguns tipos de cogumelos, e também em alimentos fortificados, como leite e iogurtes.


●Mas a maneira mais fácil e barata de conseguir a vitamina D é... tomando sol! Isso mesmo: nosso organismo é capaz de produzir vitamina D a partir do estímulo dos raios solares na pele. Claro que o uso regular de protetor solar é muito importante e que os horários de radiação mais fortes (entre 10h e 16h) devem ser evitados, já que uma exposição solar excessiva favorece o envelhecimento celular e aumenta o risco para o desenvolvimento de câncer de pele, mas não tenha medo do sol!


Manter-se diariamente por períodos de 15 ou 20 minutos com braços e pernas expostos (neste caso, sem protetor solar) nos horários mais seguros já é suficiente para garantir a produção de vitamina D. Seus ossos (e todo o resto) agradecem!


Referências


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